domingo, 1 de novembro de 2009
Ícones: Congo


Picasso, Cabeça de Mulher Adormecida, 1907, col. MOMA, NY.
domingo, 25 de outubro de 2009
Ícones: Gana

Akuaba, Ashanti, Gana, séc. XIX-XX, Museu Britânico. A akuaba materializa a ideia de um nascimento perfeito; era transportada às costas e cuidada diariamente, como uma verdadeira criança, pela mulher que desejava engravidar, e até ao fim da gestação para assegurar que a criança nasceria bela e saudável.
para reacertar o ritmo: Eclesiastes
Os olhos não se cansam de ver nem os ouvidos de ouvir. O que foi é o que há de ser; e o que se fez, assim se fará; de modo que nada há de novo debaixo do Sol...E olhei para todas as obras que fizeram as minhas mãos...e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito e que proveito nenhum havia debaixo do Sol...Todos foram feitos do pó e todos voltarão ao pó. Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima e que o fôlego dos animais vai para debaixo da terra?... Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio...Afasta pois a ira do teu coração... Lembra-te do teu Criador nos dias da tua juventude...Antes que escureçam o Sol, e a lua, e a luz, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva... no dia em que se calem as moedoras, por já serem poucas, e se escureçam os que olham pela janela; e as portas da rua se fechem por causa do baixo ruído da moedura, e se levante o homem à voz das aves, e todas as vozes do canto se calem; como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite...antes que se quebre a cadeia de prata, e se despedace o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se despedace a roda junto ao poço; e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus.
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Ícones: Mali
Amadeo de Souza-Cardoso, Cabeça, 1913-15, col. Museu do Chiado.
Ícones: Moçambique
Amadeo de Souza-Cardoso, Máscara do Olho Verde, 1912-15, col. Sousa Cardoso.
sábado, 17 de outubro de 2009
Ícones: R.D. Congo

Guilherme de Santa Rita (Santa Rita Pintor), Cabeça Cubo-futurista, 1912, col. Museu do Chiado.
Guilherme de Santa Rita (1889-1918). Fundador da arte moderna em Portugal, pioneiro do Futurismo, juntamente com Amadeo Souza-Cardoso, foi promessa de recuperação do atraso que se abateu sobre a arte nacional durante o séc. XIX. Esteve em Paris, em 1912, como bolseiro, mas perderia a bolsa por ideias monárquicas e más relações com o Embaixador. A sua última vontade foi que destruíssem todo o seu trabalho, pelo que restam apenas esta Cabeça e uma obra abstrata. Morreu em Portugal, em 1918, mesmo ano da morte de Amadeo.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Ícones: Gabão
Cimeira de relicário, Mahongwe, Gabão, séc. XIX, col. Museu Barbier Mueller, Genebra. Provavelmente a mais poderosa representação plástica do espírito humano imortal, entre todas as civilizações. É também uma metáfora eficaz da separação dos dois mundos: para o espírito resta o sentido da visão; a boca e os ouvidos desapareceram, a comunicação tornou-se impossível.
Cimeira de relicário, Kota, Gabão, séc. XIX, ex-col. Robert and Andrea Bollt, v. (c) Sotheby's. Representação desincarnada de antepassado, destinada a mediar entre os vivos e o mundo dos espíritos, era colocada sobre um cesto ou pilha de ossos. O controlo do relicário legitimava também a autoridade do iniciado, chefe do clã ou da família, que podia invocar o poder dos espíritos aqui contidos.
Max Ernst, Junger Mann mit klopfendem Herzen, 1944, col. Würth.
domingo, 11 de outubro de 2009
para reacertar o ritmo
depois de suportarmos hoje, muitos, a ignomínia de poucos..
A memória e a fantasia, que constrói a representação do futuro, alteram os fenómenos a que se ligam. O presente não altera: se à representação de um homem junto o "agora", o homem não ganha por isso nenhuma nova nota. Os predicados modificadores do tempo são irreais e pertencem a uma série contínua com uma única determinação real, a que se agregam, em diferenças infinitesimais. (Brentano)
O mais estranho é o carácter de necessidade da imagem e da metáfora. As coisas vêem por si até nós, desejosas de converter-se em símbolos: querem voar. E através de cada símbolo voas tu para cada verdade. Eis que abrem para ti todos os sentidos da palavra; e todo o ser se converte em palavra e tudo quanto existe quer através de ti alcançar o segredo da palavra. (Nietzsche)
A vida da consciência está num fluxo constante, em que todo o novo reage sobre o antigo, que aponta novamente para o novo, o qual modifica as possibilidades reprodutivas do antigo. (Husserl)
Porque aquilo que em vós existe de infinito habita o castelo celeste, cuja porta é a bruma da manhã, cujas janelas são as canções e os silêncios da noite; tem consciência da eternidade da vida; sabe que o presente é só memória do dia de ontem e que o amanhã é sonho do presente. Aquilo que em vós canta e em vós contempla mora ainda nos limites do primeiro momento que semeou as estrelas no espaço. (Khalil Gibran)
O que se pode amar no homem é que ele é uma passagem e uma queda. (Nietzsche)
Liberdade - para caminhar livre e não conhecer superior. E a tua própria carne será um grande poema. (Whitman)
A memória e a fantasia, que constrói a representação do futuro, alteram os fenómenos a que se ligam. O presente não altera: se à representação de um homem junto o "agora", o homem não ganha por isso nenhuma nova nota. Os predicados modificadores do tempo são irreais e pertencem a uma série contínua com uma única determinação real, a que se agregam, em diferenças infinitesimais. (Brentano)
O mais estranho é o carácter de necessidade da imagem e da metáfora. As coisas vêem por si até nós, desejosas de converter-se em símbolos: querem voar. E através de cada símbolo voas tu para cada verdade. Eis que abrem para ti todos os sentidos da palavra; e todo o ser se converte em palavra e tudo quanto existe quer através de ti alcançar o segredo da palavra. (Nietzsche)
A vida da consciência está num fluxo constante, em que todo o novo reage sobre o antigo, que aponta novamente para o novo, o qual modifica as possibilidades reprodutivas do antigo. (Husserl)
Porque aquilo que em vós existe de infinito habita o castelo celeste, cuja porta é a bruma da manhã, cujas janelas são as canções e os silêncios da noite; tem consciência da eternidade da vida; sabe que o presente é só memória do dia de ontem e que o amanhã é sonho do presente. Aquilo que em vós canta e em vós contempla mora ainda nos limites do primeiro momento que semeou as estrelas no espaço. (Khalil Gibran)
O que se pode amar no homem é que ele é uma passagem e uma queda. (Nietzsche)
Liberdade - para caminhar livre e não conhecer superior. E a tua própria carne será um grande poema. (Whitman)
Ícones: Angola


segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Ícones: Angola


domingo, 4 de outubro de 2009
Portugal, Cem Limites: Mateus Fernandes, 1498
Entre todas as obras do manuelino em Portugal, a fonte no Museu Nacional de Arte Antiga é talvez a mais poderosa. Representa o rei D. Manuel I e a rainha D. Leonor, sua irmã, viúva do rei D. João II, e as divisas dos dois: a armilar (spera mundo) e o camaroeiro.
O título na esfera, EMPRP, diz-nos que a obra é datável ente 1495 e 1499, ano em que o título régio ganhou a extensão de d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia.
A representação conjunta da rainha consorte viúva com o irmão soberano é mais provável tratando-se de encomenda da própria D. Leonor, possivelmente durante o tempo em que esteve regente de Portugal por ocasião de uma longa viagem de D. Manuel I a Castela e Aragão, em 1498. Sendo uma encomenda de D. Leonor, é provavelmente trabalho do seu arquiteto e mestre pedreiro favorito, que trabalhou na sua capela e hospital termal nas Caldas da Rainha, que já era arquiteto de D. João II e foi um dos criadores das capelas imperfeitas do Mosteiro da Batalha: Mestre Mateus Fernandes, o Velho (m. 1515).
A iconografia aborda os princípios opostos das mais antigas tradições orientais e ocidentais, que falam de uma síntese necessária para que o Homem possa alcançar a união com o mundo superior: Alma e Espírito, Vida e Vontade, para despertar Kundalini, a energia cósmica do Absoluto contida em cada ser e representada pela serpente em espiral ou dupla hélice. Ou também: compaixão e ação ordenadora do Bem, contemplar a impermanência e agir com equanimidade.
Sendo criada nesse ano extraordinário de 1498, é provável que invoque também o mais ousado programa de política externa de Portugal, inciado por D. João II e continuado por D. Manuel: a união do Ocidente e do Oriente numa aliança com o Reino do Preste João (Abissínia) para controlar o mar. E ainda o mais fantástico programa metafísico: a reunião do Cristianismo ocidental com a Tradição oriental de onde nasceu.
É também uma serpente, que engole a própria cauda (o ouroboros), o símbolo da eternidade.
Ícones: Angola

sábado, 3 de outubro de 2009
Ícones: Guiné-Bissau
Ícones: Guiné-Bissau

Ícones: Gabão

Pablo Picasso, "Les Demoiselles d'Avignon", 1907, col. Museum of Modern Art, Nova Iorque. Considerada a obra seminal do cubismo e da arte moderna ocidental (representa um bordel de Barcelona, na rua Avinyo).
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Mágicos: Cruzeiro Seixas
...Das partes negras, da queimadura na boca, os intestinos onde brilha o alimento...Vêm os animais, alvorecendo, os cornos a rasgarem a cabeça: outra espécie de luxo, de melancolia. E o corpo é uma harpa de repente... (de poema dedicado a Cruzeiro Seixas)
Na memória mais antiga, a direção da morte é a mesma do amor.
Na memória mais antiga, a direção da morte é a mesma do amor.
Herberto Hélder
Portugal, Cem Limites: Nuno Gonçalves, 1445
e os painéis de S. Vicente, que anunciam o Renascimento e a modernidade com um retrato sem igual de homens habitados de mistérios e de dúvida, do espírito do tempo que haveria de situar o indivíduo no centro de toda a liberdade e refundar regimes políticos e sociais na Europa.
E sobretudo o magnífico enigma que aí deixou, desde o primeiro símbolo da cosmogonia ao Cristianismo e ao futuro, num bailado iconográfico que resume a memória mítica da Humanidade.
Aqui sincretizou as trindades de Pai, Mãe e Filho com Pai, Filho e Espírito Santo; reuniu Alma e Espírito no Cristo, no Homem e no corpo do Príncipe D. Afonso V; fez imagens para a trindade do Tempo de Joaquim de Flora em forma de Baal Janus trifrontre que coloca a sua ilusão a Ocidente e a verdade a Oriente, pedindo a transmutação do passado no futuro. No centro da idade do Filho colocou a Vontade para criar a idade terceira: a do Espírito Santo.
Neste espelho de trindades simétricas tudo se harmoniza para criar a grande obra do Ocidente: convivem Mazda, Mitra, Cronos, Pitágoras, Platão, Euclides, São Miguel, Cristo, o Crisol e o Ouro, o Ein Soph e as Sefirotes. Estão mais de 5.000 anos de pensamento mítico e metafísica.
Nada há com um programa igual na arte ocidental. É o mais sofisticado voto simbólico pela imersão de um país no Espírito Santo, pela missão de conduzir a nação e o mundo à luz da compaixão cristã, à liberdade do pluralismo e à justiça da igualdade idealizada por Joaquim de Flora.
Desde a cruz e dos fundadores de Borgonha, aos refundadores de Avis, o sonho do sapateiro de Trancoso e a viagem magnífica dos Lusíadas, o Padre António Vieira, Fernando Pessoa, Agostinho da Silva, Almada Negreiros... todos aqui se reúnem também e viverão na perfeição inacabada do começo.
E sobretudo o magnífico enigma que aí deixou, desde o primeiro símbolo da cosmogonia ao Cristianismo e ao futuro, num bailado iconográfico que resume a memória mítica da Humanidade.
Aqui sincretizou as trindades de Pai, Mãe e Filho com Pai, Filho e Espírito Santo; reuniu Alma e Espírito no Cristo, no Homem e no corpo do Príncipe D. Afonso V; fez imagens para a trindade do Tempo de Joaquim de Flora em forma de Baal Janus trifrontre que coloca a sua ilusão a Ocidente e a verdade a Oriente, pedindo a transmutação do passado no futuro. No centro da idade do Filho colocou a Vontade para criar a idade terceira: a do Espírito Santo.
Neste espelho de trindades simétricas tudo se harmoniza para criar a grande obra do Ocidente: convivem Mazda, Mitra, Cronos, Pitágoras, Platão, Euclides, São Miguel, Cristo, o Crisol e o Ouro, o Ein Soph e as Sefirotes. Estão mais de 5.000 anos de pensamento mítico e metafísica.
Nada há com um programa igual na arte ocidental. É o mais sofisticado voto simbólico pela imersão de um país no Espírito Santo, pela missão de conduzir a nação e o mundo à luz da compaixão cristã, à liberdade do pluralismo e à justiça da igualdade idealizada por Joaquim de Flora.
Desde a cruz e dos fundadores de Borgonha, aos refundadores de Avis, o sonho do sapateiro de Trancoso e a viagem magnífica dos Lusíadas, o Padre António Vieira, Fernando Pessoa, Agostinho da Silva, Almada Negreiros... todos aqui se reúnem também e viverão na perfeição inacabada do começo.
Na cronologia do tempo histórico, aqui está também D. Pedro, o servidor, cavaleiro da Ordem da Jarreteira, regente de Portugal escolhido pelas Cortes de Lisboa; e o seu irmão, o Infante D. João, Grão-Mestre da Ordem de Santiago, a espada como marco e como cruz. Na posição desta espada, fosse também pelo génio do pintor ou coincidência, está o futuro: foi pela cruz e não pela espada que os Infantes D. João e D. Pedro quiseram liderar Portugal. Opunham-se às conquistas e posse de terra em África e defendiam a exploração e a aliança e esta foi talvez a divergência maior entre D. Pedro e a nobreza que apoiava o seu irmão D. Afonso. Foi a causa da morte de D. Fernando, em Fez, pela futilidade da conquista. E veio a ser a causa da morte de D. Pedro, às mãos do seu irmão, e da perda de muitas vidas de homens e mulheres que teremos de lamentar até ao fim do tempo. Mas os portugueses não estavam à altura da verdade de Joaquim de Flora.
Portugal, Cem Limites: Os Surrealistas, 1949
Mário Cesariny, Naniora (a Poesia), c. 1950
Entre nós Os Surrealistas devolveram-nos a coragem da liberdade, celebraram a grande arte antiga portuguesa e prestaram homenagem à arte africana. É para eles, por isso, o primeiro destes cem limites da criação de Portugal.
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
que o amor se conta em anos de morte
e sabe que há um sinal
que marca a ruína infalível para a qual escorregamos
a sonhar o enigma das torres que emigram
presas a fios de aço
e que partem com o pensamento
em todas as direcções.
que palavra é a hora
que hora é o pão tenro e quente!
Eu sei que os candeeiros ardendo de noite
Meu lamento não é raiva nem certeza. Espreitei na fechadura dos horizontes e o que eu julgava ser vácuo e raiva emplumada mostrou-se-me coalhado de cogumelos e de lagartas.
Carlos Eurico da Costa, Cavaleiro de Palaguin, c. 1950
António Maria Lisboa (1928-193), para o Artur do Cruzeiro Seixas
Entre nós Os Surrealistas devolveram-nos a coragem da liberdade, celebraram a grande arte antiga portuguesa e prestaram homenagem à arte africana. É para eles, por isso, o primeiro destes cem limites da criação de Portugal.
Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição
Mário Cesariny (1923-2006)
e sabe que há um sinal
que marca a ruína infalível para a qual escorregamos
a sonhar o enigma das torres que emigram
presas a fios de aço
e que partem com o pensamento
em todas as direcções.
Henrique Risques Pereira (1930-2003)
que palavra é a hora
que hora é o pão tenro e quente!
Fernando Alves dos Santos (1928-1992)
Eu sei que os candeeiros ardendo de noite
são os pulmões dos peixes-voadores.
Mário Henrique Leiria (1923-1980)
Meu lamento não é raiva nem certeza. Espreitei na fechadura dos horizontes e o que eu julgava ser vácuo e raiva emplumada mostrou-se-me coalhado de cogumelos e de lagartas.
Pedro Oom (1926-1974)
Carlos Eurico da Costa, Cavaleiro de Palaguin, c. 1950
Na cidade de Palaguin o dinheiro era olhos de crianças... Havia janelas nunca abertas e altas prisões descomunais sem portas...Havia um corpo de bombeiros que lançava gasolina nas chamas...Havia pobres que aceitavam como esmola sacos de ouro de 302 quilos.
Carlos Eurico da Costa (1928-1998)
Quero olhar o dia a dia nos olhos, insatisfeito, como se olham os amantes. Na verdade todas as coisas têm asas, e sexo...Os que querem agarrar com ambas as mãos o impossível não se apercebem que o impossível acontece todos os dias...E aqui, onde nascemos, é precisamente o local onde o mar se afogou. Mas será por acaso que dois dos quadros mais importantes do imaginário e do mistério estão em Portugal?...
Cruzeiro Seixas (n. 1920)
A construção dos poemas
é como matar muitas pulgas com unhas de ouro azul
é como amar formigas
brancas obsessivamente junto ao peito
olhar uma paisagem em frente e ver um abismo
ver o abismo e sentir uma pedrada nas costas.
António Maria Lisboa (1928-193), para o Artur do Cruzeiro Seixas
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