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quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Ícones: Guiné-Bissau

 

Vaca-Bruto, Bijagós, Guiné-Bissau. Máscara utilizada em rituais de iniciação e casamentos, por jovens escolhidos pela sua força e coragem, numa dança exigente e que termina por vezes com a morte do animal. O papel simbólico deste ícone da arte ritual bijagó pé reminiscente da derrota do Minotauro na cultura ocidental.
 

Guernica (detalhe), Picasso, 1937. Col. Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia
 

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Ícones: Benin

Insígnia real (Omama), Reino Owo, Yoruba, Benin, séc. XVII-XIX. Col. Metropolitan Museum of Art.

Dinheiro, D. Afonso Henriques, Portugal, séc. XII

Hermes Trismegistus (Toth, Enoch, Mercúrio, S. Miguel), Grécia, 500-475 a.C. Senhor dos Três Mundos, Iniciador da Humanidade.

Khnum, deus da Criação do Homem, Egipto, c. 2600-2200 a.C. "O criador das coisas que são, o criador das coisas que virão a ser, a fonte das coisas criadas, o pai dos pais e a mãe das mães (...) o oleiro, o tecelão, Senhor do Nilo e do Egipto, Governador da Casa da Vida, Senhor da Terra e da Vida, Governador dos prazeres da Câmara do Ankhet" (Livro dos Mortos, Papiro de Ani, c. 1300 a.C.)


segunda-feira, 4 de julho de 2016

Mágicos: Petrus Christus

Petrus Christus (c. 1410 a 1420 - 1473), O Juízo Final, 1452. Col. Gemäldegalerie, Berlim

O mais hermético dos pintores flamengos nunca foi igualado nesta visão de São Miguel e do que representa numa longa tradição de Iniciadores: avatar do poder de transmutação, o que ocorre em cada juízo que reconhece, e escolhe, por entre o fluxo aleatório mente-matéria, o fio que é ou virá a ser ordenador geométrico na direção da beleza e do Bem.

O Juízo Final nada tem a ver com pecadores ou a Humanidade. Acontece numa cabeça. O Arcanjo S. Miguel representa as faculdades de agir para desencadear ou defender a invocação do bem como princípio ordenador, oposto à aleatoriedade da matéria inorgânica e da vida sensorial primitiva que ainda mantêm desordenado o fluxo do Ser. Por isso tem por atributos a espada que recorta e o escudo que protege. Por acaso representam também a proporção aúrea na sua geometria estelar mais visível neste planeta, constelação à qual os homens ergueram monumentos funerários e depois os telhados de todas as casas em homenagem. Tudo é fractal.

terça-feira, 14 de junho de 2016

Mágicos: António Teixeira Lopes

António Teixeira Lopes (1866-1942), A Viúva, 1893. Col. Museu Nacional de Arte Contemporânea (Chiado).

António Teixeira Lopes, s/ título, s/ data. Col. Armando Almeida.

A escultura que consumou o Romantismo em Portugal e o escultor que deu formas à experiência humana do tempo.

domingo, 8 de maio de 2016

Mágicos: Joel-Peter Witkin

Joel-Peter Witkin (n. 1939), Woman once a Bird, Los Angeles, 1990.

Man Ray (1890-1976), Le Violon d'Ingres, 1924.

Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867), La Baigneuse de Valpinçon, 1808, col. Louvre.

Nas fusões de vida e morte, através da História da Arte, Witkin acende a intuição de um presente permanente, onde "tudo" e "agora" coexistem numa galeria de imagens total; e oferece a derradeira oportunidade à mente de agir sobre a matéria que agiu sobre a mente.

sábado, 7 de maio de 2016

Mágicos: Nan Goldin

Brian ao telefone, Nova Iorque, 1981.
 
Percebia que a obra da Nan Goldin era mágica, mas não sabia propor uma razão para isso até ver esta fotografia: ela transforma-se em empatia, através da máquina, para mostrar o ângulo a partir de onde todos os seres humanos são amáveis.

sábado, 16 de abril de 2016

Mágicos: Lucas Cranach

Salomé com a Cabeça de S. João Batista, Lucas Cranach (o velho, 1472-1553), c. 1510-15. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

Uma das "cópias de segurança" do Ocidente: uma Salomé luxuosa e venal, filha de uma mãe mundana e dominada pelo medo, retrato do egoísmo que nasce na ignorância. O resumo do combate fundamental: compaixão vs. ego ou amor vs. ignorância, bem e mal.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Portugal, Cem Limites: Mens Agitat Molem

 
Castro de Santa Tecla, Idade do Ferro, A Guarda, Galiza.

Compreende-se melhor a identidade dos povos do oeste da Península depois de ver este lugar: a foz do Minho, no último extremo da terra antes do Atlântico. Aqui fez-se Galiza e Portugal antes de nascer Cristo e conhecia-se a mais antiga cosmogonia: Ar, Fogo, Terra, Água e Espírito ou Verbo, Luz, Matéria, Vida e Vontade para sublimá-la. Longa vida aos filhos dos gróvios!

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Mágicos: Brancusi

Young Bird (Pássaro Jovem), 1928, col. Museum of Modern Art, Nova Iorque. (c) Artists Rights Society, Nova Iorque/ ADAGP, Paris

The Newborn (O Recém-Nascido), 1915.

"O que é real não é a forma aparente mas a ideia, a essência das coisas." Constantin Brancusi (1876-1957)

Num percurso que vai desde a admiração das formas primordiais da escultura africana à utilização da esfera alongada no valor de Phi como matéria de construção, Brancusi provou outra realidade que não vemos e descobriu que as ideias têm forma. Os arquétipos tornam-se reais.

Ícones: R.D. Congo

Nkisi-Nkondi, Kongo-Yombe, referidos também como Bacongo (do baixo Congo), séc. XVIII-XIX, col. Barbier-Mueller. Os nkisi são feitiços/ entidades criadas pelos povos da bacia do Congo para combater os maus espíritos e punir malfeitores. Os pregos e lâminas eram cravados para despertar o poder da entidade sempre que era invocada e serviam também para selar um pacto com quem pedia um resultado. Os nkisi de uso coletivo eram Nkondi, muito mais poderosos; alguns estiveram ativos por gerações, tinham nome e reputação.

Constantin Brancusi, The First Step, 1914. O corpo desta escultura foi destruído pouco tempo depois pelo escultor e a cabeça transformada na obra The First Cry, o que é coerente com a direção menos figurativa que seguiu no seu trabalho, em busca das formas essenciais e da linha que une todas as coisas.

"Desfiz a matéria para encontrar a linha contínua. Quando compreendi que não a encontraria, parei..." (Brancusi).

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Ícones: Bamana

Máscara koré surukuw (hiena), Bamana, Burkina Faso ou Mali, séc. XIX, col. Heini Schneebeli. (c) Bridgeman Berlin. A sociedade Koré é a sexta e última do percurso de iniciação dos Bamana, a que concede o conhecimento do deus Criador; está ainda dividida em oito graus, onde os surukuw ocupam o 6.º. Quando dançam, representam a perfídia e a "baixa" inteligência humana na ilusão de compreender a inteligência divina, como a vida da hiena se compara à do leão.

Maiastra, 1910-18, Museu Guggenheim. "Quis mostrar o Maiastra (pássaro mítico da cultura popular romena) a erguer a cabeça, mas sem sugestão de orgulho, altivez ou desafio.." Constantin Brancusi

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Portugal, Cem Limites: Algarve (Silves), séc. XII

Lápide e bocal de poço, Silves, séc. XII, Museu Arqueológico Municipal. No Gharb Al-Andalus vivia-se o período moçárabe, mas haveria uma escola que ensinava uma harmonia maior?
 
Primeira síntese medieval do tetragrama hebraico e da trindade cristã, por Petrus Alphonsi, judeu Andalus convertido ao cristianismo no início do séc. XII. Explica o antigo nome de Deus nas interseções da trindade trifronte - a causa do começo e (da consciência) do ser.

Ícones: Fang e Baule

 
 
Máscara Goli Kple-Kple, Baule, Costa do Marfim, séc. XIX, col. Brooklyn Museum. Usada em celebrações coletivas pela sociedade Goli, numa dança de quatro máscaras em pares que representava sucessivamente a juventude e a idade adulta, o papel social de mulheres e homens; a kple-kple figuraria o espírito masculino juvenil na sua ambiguidade, de alegria criadora e potência destrutiva.
 
 
Guardão de altar-relicário (éyéma-o-byéri), Fang (cultura ntumu), Gabão ou Camarões, séc. XIX, col. particular. Expo. e publ.: 1936, Jacques Seligmann Gallery; 1937, Brooklyn Museum. Yale - Van Rijn African Art Archives. (c) Sotheby's


Max Ernst, Moonmad, 1944, col. Philadelphia Museum of Art. (c) Artists Rights Society (ARS), New York / ADAGP, Paris

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Portugal, Cem Limites: Lusitanos e Gróvios, séc. I

Guerreiros Lusitano-Galaicos, c. I a.C - I d.C., Castros do Noroeste. Museu Nacional de Arqueologia.
Mens agitat molem.
 
Símbolos gróvios, Castro de Santa Tecla (séc. I a.C - I d.C.), A Guarda, Galiza. Os Gróvios habitavam a região do vale do rio Minho até ao rio Douro e o historiador romano Plínio atribuiu-lhes uma origem grega, possivelmente, e não celta.
 
Moedas da Cilícia (Anatólia, costa do Mediterrâneo), c. V a IV a.C., durante o período de domínio grego e aqueménida. O touro bicéfalo encontra-se também nos capitéis de Persepolis. Um deus trifronte é outra figuração possível dos mesmos símbolos, adaptado depois pelo Cristianismo na trindade e em alguma iconografia renascentista de Jesus Cristo.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Ícones: Guiné-Bissau

Garça, Bijagó, Guiné-Bissau, séc. XX.

A arte interroga a geometria invisível do mundo. Quando encontra um arquétipo verdadeiro ele é também universal. Os pássaros criados por Brancusi são todos os pássaros. Os dos Bijagós, também.

Constantin Brancusi, Dois Pinguins, 1911/14, col. Art Institute of Chicago; Três Pinguins, 1911/12, col. Philadelphia Museum of Art.

Constantin Brancusi, Pássaro no Espaço (1923), versão negra, 1936.

Ícones: Gana

Boneca de fertilidade, Fante, Gana, séc. XIX-XX.
 
Jean (Hans) Harp, Schalenbaum ("taças sobrepostas"), 1947/ 1960, col. Fondation Beyeler. Fotog. Robert Bayer, Basileia. O título é posterior e provavelmente ignora o sentido orgânico da obra.

Ícones: Burkina Faso

Flauta, Nuna, Burkina Faso, séc. XIX-XX.
 
Max Ernst, O Rei a jogar com a Rainha, 1944, col. Museum of Modern Art, Nova Iorque

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Mágicos: Albrecht Dürer

 
Albrecht Dürer (1471-1528), Melencolia, 1514.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Mágicos: Almada Negreiros

Quadrante I, 1957.
Almada (São Tomé e Príncipe, 1893 – Lisboa, 1970)

O magnífico desenhador e colorista, um dos maiores de sempre, terminou a sua obra a procurar a última harmonia geométrica. No mural Começar, na Gulbenkian, gravou o ponto secreto da confraria de pedreiros Bauhütte - ponto interior ao círculo, que determina o triângulo equilátero e o quadrado aí inscritos. Dirá depois Lima de Freitas que apenas se aproximou. Mas será o traçado deixado por Almada para o círculo ou para a esfera?

Partida de Emigrantes, 1943-45, tríptico na Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos em Lisboa.

Portugal, Cem Limites: D. Afonso Henriques, 1140

As armas e os barões assinalados na cruz morta do mundo partiram e entre gente remota edificaram a rosa que é a Vida novo reino que tanto sublimaram: vede-o no vosso escudo que presente vos mostra a vitória já passada na qual vos deu por armas e deixou a liberdade. 

Rex Portugal. Primeiro momento conhecido em que Dom Afonso Henriques assinala como Rei de Portugal: a Carta de doação do Couto de Villa Menendi e Santa Maria de Estela ao Mosteiro de Tibães, em julho de 1140. Arquivo Nacional Torre do Tombo.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Ícones: Mali

Máscara, Dogon, Mali, séc. XIX-XX, col. particular. (c) Zemanek-Munster

Hans Harp (Jean Harp), Cabeça-Paisagem, 1924-26, col. Centre Pompidou, Paris. (c) ADAGP, Paris